terça-feira, 17 de novembro de 2009

Acodo salarial da Vale do Rio Doce

Valor Econômico - Empresas - 17.11.09 - B6

Vera Saavedra Durão, do Rio
17/11/2009

Vale fecha acordo salarial no Brasil

Enquanto trava uma queda de braço com os mineiros da ValeInco no Canadá, parados há quatro meses, a Vale fechou semana passada, sem nenhum incidente, as negociações trabalhistas com a maioria dos 46 mil empregados de suas operações no Brasil, cuja data base é novembro.

"As assembleias ocorreram na normalidade e na média 92% dos trabalhadores aprovaram a proposta da empresa", informou Jorge Luiz Campos, presidente do SindMinas do Rio de Janeiro, secretário geral da Rede Vale Brasil e secretário de Relações Internacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Setor Mineral, ligado à CUT. Ao todo, a Vale negociou com 15 sindicatos espalhados por oito estados e filiados a três centrais sindicais: CUT, Força Sindical e ComLutas.

A proposta que a Vale apresentou aos trabalhadores foi de reajuste salarial de 7% (inflação do INPC mais ganho real) para 2009 e 2010 e abono de R$ 1.200 para todos os trabalhadores com vigência a partir de novembro de 2009 e a partir de novembro de 2010. O cartão de alimentação de R$ 240 vai passar para R$ 320 em 2009 e sobe R$ 350 na data base de 2010. O piso salarial que era de R$ 856 passa para R$ 930 este ano e, em novembro de 2010, atinge R$ 1 mil. A oferta foi em contraproposta ao pedido dos empregados de reajuste de INPC de doze meses mais 15% de aumento real, piso salarial de R$ 2.104 e cartão alimentação de R$ 820, valor médio da cesta básica calculada em pesquisa do DIEESE.

Paulo Soares, do Metabase de Itabira, ligado à ComLutas, disse que a maioria aprovou a proposta da Vale porque estava preparada para um enfrentamento muito duro com a empresa este ano, já que ela vinha cortando benefícios desde o início da crise global. "Havia uma expectativa (da nossa corrente sindical) de que a Vale iria cortar o resto dos nossos benefícios. Mas, isso não ocorreu porque ela já está enfrentando duas crises, a greve dos mineiros no Canadá, que vem criando um mal estar internacional para a empresa, e a turbulência com o governo, o que levou a Vale a recuar nesse processo de endurecimento conosco. Daí a empresa não cortou o que achamos que ela ia cortar, o que nos favoreceu", disse Soares.

Para o sindicalista do MetaBase de Itabira, "este acordo selado agora não tem cor. É que nem água. A gente bebe para matar a sede, mas continua com sede. Na verdade, continuamos onde estamos há dois anos. Essa é a avaliação que faço deste processo."

Antes de terminar o ano a Vale terá de enfrentar mais uma rodada de entendimentos com os funcionários brasileiros. Os sindicalistas preparam-se para negociar com a empresa a participação deles nos lucros da companhia. "Até agora eles (Vale) não disseram nada, se vão negociar ou não", informou Campos, do SindMinas -RJ. Nos cálculos dos representantes sindicais, a Vale deve fechar 2009 com um lucro entre R$ 11 bilhões a R$ 12 bilhões. No quarto trimestre é esperado lucro líquido de R$ 4 bilhões. "Esse é um lucro extraordinário. Vamos aproveitar para pedir 8% do lucro líquido, sendo 4% linear e os restantes 4% proporcionais de acordo com o salário de cada um. Esse promete ser um grande embate", diz Soares.

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