quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Corte de pessoal no setor de autopeças

Valor Econômico - Empresas - 03.12.08 - B8

Autopeças vão cortar mais de 8 mil empregos até o fim de dezembro
Guilherme Manechini, de São Paulo
A indústria brasileira de autopeças cortará, ao menos, 8 mil postos de trabalho até o fim deste mês. O contingente de funcionários a serem demitidos por conta do agravamento da crise financeira mundial, ocorrido há pouco mais de dois meses, é praticamente o equivalente ao que foi contratado entre março e setembro, período de franca expansão do setor.
Em seu primeiro comunicado oficial desde a piora do cenário econômico, o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos (Sindipeças) informou que o número de demissões poderá ser ainda maior, já que "os acontecimentos e algumas decisões das empresas têm mudado diariamente e a situação pode piorar".
Os dados foram fechados no fim de novembro e indicam que o setor encerrará o ano com 223,7 mil trabalhadores, o que vai significar um avanço de 3,2% sobre o ano passado. A sondagem anterior realizada pela entidade, divulgada em agosto, previa 235 mil empregos, 8,3% a mais do que em 2007. Em setembro, o número de empregados da indústria de autopeças atingiu o maior nível desde 1994, totalizando 231,9 mil postos de trabalho.
Em relação às paradas de fim de ano, a pesquisa do Sindipeças, que escutou 95 fabricantes, indica que todas as empresas do setor darão férias coletivas de, no mínimo, 16 dias em dezembro. A previsão de faturamento também foi reduzida, passando de R$ 76,7 bilhões na pesquisa de agosto para R$ 74,4 bilhões.
Por meio de um comunicado, o presidente do Sindipeças, Paulo Butori, afirmou que "o primeiro trimestre de 2009 será muito difícil". Além disto, o executivo alertou ao setor que "é preciso ter muita calma e equilíbrio para não tomar decisões precipitadas nem ficar apenas olhando a tempestade pela janela".
Apenas nos últimos dois meses, sindicatos de metalúrgicos comunicaram demissões em grandes fabricantes de autopeças como TRW, Magneti Marelli, Metagal, Robert Bosch, DNP Torque e Invicta Vigorelli. Boa parte dessas indústrias demitiram funcionários que atuavam diretamente em linhas de produção voltadas ao mercado externo, o mais afetado com a desaceleração da economia mundial.
Além da queda das exportações, a retração de crédito impactou diretamente a venda de veículos novos e usados no país. Conforme os últimos dados de licenciamento de veículos novos no Brasil, referentes a novembro e que incluem caminhões e ônibus, o volume do mês foi 24,97% inferior ao desempenho de outubro. De acordo com os dados do Sindipeças, 69% do faturamento da indústria de autopeças é obtido nas vendas para as montadoras, seguido pelas exportações com 13%, mercado de reposição com 12% e intersetorial, com 6%.
Nas montadoras, o movimento de demissões foi iniciado na segunda-feira pela Volvo, que informou um corte de 180 funcionários efetivos e mais 250 temporários de sua fábrica instalada em Curitiba (PR). A montadora também reduziu para um turno sua linha de produção de caminhões.

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