quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Brasil perde quase 41 mil vagas de trabalho formal em novembro

Valor Econômico - Brasil - 23.12.08 - A6

País fecha 40,8 mil vagas formais em novembro
Juliano Basile,

Pela primeira vez desde 2002, o Brasil registrou queda no emprego formal em novembro. Houve uma perda de 40,8 mil postos de trabalho no País, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. Em percentuais, a redução é de 0,13% com relação ao total de ocupados no mês de outubro. O ministro Carlos Lupi minimizou os dados alegando que a queda ocorreu por duas razões sazonais e por causa da crise internacional. Ele disse que o mês de novembro é de dificuldades no setor agrícola, pois não há plantio nem colheita.
A segunda razão momentânea está no setor automobilístico. O ministro do Trabalho afirmou que este setor nunca apresenta crescimento nos últimos meses do ano. Porém, Lupi reconheceu que a crise financeira internacional atingiu a indústria automobilística que está tendo dificuldades em vender carros novos. Os dados do Caged, contudo, mostram que todos os setores industriais demitiram mais do que contrataram em novembro e o saldo do setor foi o fechamento de 80 mil vagas, um número que representa 15% do total contratado ao longo do ano. Em novembro de 2007, apenas três setores industriais demitiram em novembro.

No acumulado do ano, os dados do Caged ainda são positivos. De janeiro a novembro foram criados 2,1 milhões de novos postos de trabalho. É 7,27% a mais do que o saldo de pessoas contratadas em dezembro de 2007. Lupi acredita que um novo recorde será batido neste ano, mesmo com a tendência de demissões em dezembro. Em outubro passado, já houve uma clara desaceleração, com um acréscimo de apenas 0,2% no emprego formal cerca de 61 mil vagas. Agora, a queda se confirmou de fato.
Ao todo, o Ministério prevê o acréscimo de 1,85 milhão de empregos formais neste ano. Ou seja, se, de um lado, haverá evolução com relação ao ano passado, de outro, o país deve registrar novas demissões em dezembro. A média nos anos anteriores é de 300 mil demissões em dezembro. "Esses números negativos sempre se repetem em dezembro", afirmou Lupi, advertindo que o último mês do ano é de queda de contratações. "Acredito que 2009 será fraco no início, mas, a partir de março, vai melhorar, pois o mundo está se unindo pelo crescimento econômico", completou o ministro.
Ele aposta que três setores serão os "puxadores" do crescimento no emprego no ano que vem:construção civil, comércio e serviços. A construção civil acaba de perder 22 mil postos de trabalho em novembro. Foi uma redução de 1,24%, em relação ao saldo de pessoas empregados pelo em outubro. O Ministério do Trabalho disse que essa queda se deve ao período de chuvas e que a tendência é de crescimento no ano que vem. Já o comércio registrou 77 mil novos postos (aumento de 1,15%) e o setor de serviços obteve mais 39 mil vagas (0,32%).
No acumulado do ano, o setor de serviços despontou como o líder em contratações, com 765 mil novos postos de trabalho. Em segundo lugar, a indústria de transformação, com 451 mil vagas. Depois, aparece o comércio, com 397 mil postos, e a construção civil, com 280 mil.
Lupi acha que a retomada se dará a partir da posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, em 20 de janeiro, o que vai contribuir, segundo ele, na criação de "um clima diferente" naquele país com reflexos imediatos na economia mundial. Ele apostou num crescimento de 4,5% para o Brasil em 2009, mais do que a previsão do Banco Central, que foi de 3,2%, e do que a meta do Ministério da Fazenda, de 4%.

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