sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Acordo de congelamento de salários na Alemanha

Valor Econômico - Internacional - 19.02.2010 - A13

Crise: Em troca, setor metalúrgico e de engenharia se compromete com medidas para manter o empregoAcordo congela salários na Alemanha

Quentin Peel, Financial Times, de Berlim
19/02/2010

A poderosa indústria metalúrgica e de engenharia da Alemanha emitiu ontem um raio de luz sobre as perspectivas sombrias da economia europeia, depois que empregadores e sindicatos de trabalhadores chegaram a um acordo de reajuste de salário moderado pelos próximos dois anos, em troca de medidas de proteção ao emprego.

Líderes empresariais, sindicalistas e políticos comemoraram o acordo de congelamento de salários neste ano, com uma gratificação a ser paga no decorrer do período, e reajuste salarial de apenas 2,7% no ano que vem.

O acordo deve se estender a todos os 3,4 milhões de metalúrgicos, mesmo os não sindicalizados, e vai se tornar um paradigma de moderação para as negociações de todo o setor privado do país. Ele pode dar também um sinal positivo para as negociações em toda a Europa.

A decisão só foi conseguida depois de uma reunião de 15 horas entre o IG Metall, um dos maiores sindicatos do país, e os empregadores. O acordo foi negociado no Estado de Renânia do Norte-Vestfália, no coração da indústria siderúrgica alemão e base de diversas empresas de engenharia. Os 2,7% serão aplicados apenas em abril de 2011, sendo que neste ano haverá uma gratificação fixa de € 320 por trabalhador. Em troca, os empregadores concordaram em não demitir.

"Com essas medidas, podemos garantir o emprego nesses tempos de crise", disse Berthold Huber, presidente do IG Metall. O acordo alcançou "uma distribuição justa do ônus", afirmou.

Hannes Hesse, presidente da VDMA, associação dos fabricantes de máquinas-ferramentas, disse que o acordo levou em conta a "situação econômica extremamente difícil", embora isso não vá evitar que empregadores individuais tomem decisões extremamente difíceis em relação ao corte de postos de trabalho.

Dieter Zetsche, CEO da Daimler, montadora de carros e caminhões, classificou o acordo de "razoável" e disse que ele deve dar contribuição significativa à estabilidade do emprego em 2010.

Segundo Eckart Tuchtfeld, economista do Commerzbank, "os sindicatos alemães ainda estão dispostos a fazer concessões sob pressão da forte competição internacional", disse. "Outros setores provavelmente chegarão a acordos pragmáticos similares."

No setor público alemão, entretanto, há uma situação de impasse com contínuas ameaças de greve. A exigência é de aumento de 5% nos salários, o que vem sendo rejeitado por negociadores tanto dos governos municipais e estaduais quanto do federal.

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