terça-feira, 28 de julho de 2009

Greves em 2008

Jornal do Commercio - Economia 24/07/2009 - A-3
Número de greves foi o maior em 5 anosCarolina FreitasDa agência Estado
O País teve em 2008 um total de 411 greves nos setores público e privado, o maior número registrado desde 2004segundo estudo divulgado na quinta-feira pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Em 2004, o Dieese retomou a publicação do balanço de greves. O aumento deu-se, sobretudo, por causa dos funcionários de empresas privadas. Se, em 2004, eles fizeram 114 greves, em 2008 foram 224. No setor público, o número de paralisações manteve-se praticamente estável, de 185 para 184. A maioria das greves (42%) foi encerrada no mesmo dia em que começou.O crescimento na frequência das greves no ano está ligado ao forte crescimento econômico registrado até o terceiro semestre de 2008. "O crescimento econômico proporciona um contexto favorável para que os trabalhadores ampliem conquistas e peçam melhora da remuneração e das condições de trabalho", disse o coordenador do estudo e supervisor do Sistema de Acompanhamento de Informações Sindicais do Dieese, Luís Augusto Ribeiro da Costa. "É uma forma de os trabalhadores reivindicarem uma parcela desse crescimento."O estudo mostra ainda que greves no setor público e privado fizeram com que trabalhadores deixassem de cumprir 24,6 mil horas de trabalho no ano passado. A maioria das horas de trabalho foi perdida na esfera pública (17,4 mil horas ou 70,8% do total). Na área privada, foram descumpridas 6,9 mil horas ou 28,3% do total. Em greves feitas em conjunto entre os dois setores, deixou-se de trabalhar 232 horas (0,9% do total).A principal reivindicação dos grevistas em 2008 foi o reajuste salarial, estopim de 50% das greves no setor público e de 43,8% na iniciativa privada. Na esfera pública, causaram paralisações ainda os movimentos por planos de cargos e salários (36,4%), condições de trabalho (20,7%) e contratações (17,4%). Na área privada, os motivos foram pedidos de auxílio-alimentação (30,8%), de participação nos lucros da empresa (23,7%) e contra o atraso nos salários (15,6%).desfechos. O Dieese analisou ainda o desfecho de 193 greves de que se teve notícia. Nesse grupo, 73% dos movimentos obtiveram êxito, parcial ou total. As manifestações de trabalhadores do setor privado foram mais bem-sucedidas - 80% terminaram em atendimento parcial ou total das reivindicações e, em 31% dos casos, todas as demandas foram atendidas. Entre o funcionalismo público, os pedidos foram contemplados total ou parcialmente em 62% das greves - em 15% delas, foram atendidos por completo. Nas greves de estatais, o percentual de atendimento total ou parcial das reivindicações foi de 69% - 8% contemplados na totalidade.O número de greves este ano deve ficar próximo ao de 2008, estima Luís Costa. Ainda não há uma projeção para 2010. Até o mês passado, o Dieese registrou cerca de 250 greves, informou o responsável pelo estudo. "Nos setores mais afetados pela crise, como autopeças e frigoríficos, você pode ter movimentos grevistas mais defensivos", disse, em referência às paralisações para manutenção ou renovação de condições de trabalho.Apesar disso, Costa observa que o balanço de reajustes negociados em 2009, estudo ainda em preparação, mostra que a crise econômica não chegou a influenciar negativamente as negociações salariais. Uma prévia do balanço, com dados de cem negociações, indica que, comparado a 2008, mais categorias conseguiram pelo menos a reposição da inflação.

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