segunda-feira, 2 de março de 2009

Redução das vagas de estagios

Jornal do Commercio - Carreiras - 27, 28.02 e 1º.03.09 - B-20

Sobrou para os estagiários


VINICIUS MEDEIROS
DO JORNAL DO COMMERCIO



Sancionada em setembro do ano passado, a nova Lei do Estágio causou redução no número de vagas em todo o País. Especialistas atribuem às dúvidas geradas pela nova legislação a paralisação no ritmo de contratações, que se acentuou ainda mais com o impacto da crise financeira no Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Estágios (Abres), cerca de 200 mil vagas foram perdidas desde setembro, principalmente em médias e pequenas empresas. Ainda assim, jovens aspirantes a profissionais não podem ficar parados. Para especialistas em recursos humanos, é hora de atualizar o currículo, manter-se informado sobre o mercado e ir à luta, pois ainda há opções no mercado.

Segundo os números da Abres, havia 1,1 milhão de estudantes estagiando no Brasil em setembro de 2008. O número caiu para cerca de 1 milhão no final do ano e chegou a 900 mil em janeiro. "Houve uma paralisação inicial por conta da Lei do Estágio e das dúvidas que ela gerou. Depois, na hora de retomar as contratações, veio a crise e, a partir daí, a redução acompanhou o movimento de retração mercado de trabalho de uma maneira geral", diz Seme Arone Junior, presidente da Abres.

De acordo com Arone Junior, a maior queda se deu entre estudantes do ensino médio, cuja retração nos contratos está estimada pela Abres em 46%, com maior impacto nas médias e pequenas empresas. "A nova legislação trouxe muitos benefícios aos jovens profissionais. Mas, o artigo 16, que limita o número de vagas para estágio, é um equívoco. Desde a promulgação da lei, as vagas em médias e pequenas empresas caíram drasticamente", afirma.

Pela nova legislação, a empresa que possui de seis a dez funcionários pode ter no máximo dois estagiários. Já a companhia que emprega entre 11 e 25 colaboradores pode abrir até cinco vagas para estágio. Acima de 25, o limite estabelecido é de 20% das posições disponíveis. "Se, por exemplo, uma companhia com 11 colaboradores e cinco vagas de estágio demitir um funcionário, situação que pode perfeitamente acontecer num contexto de crise econômica, ela automaticamente precisa fechar três vagas de estágio. Essa situação vem se repetindo", afirma.

Carlos Henrique Mencaci, presidente do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) endossa as palavras de Arone Junior. "No início do ano sempre há uma queda, mas a esperada reposição de vagas não está acontecendo. Em 2009, foram ocupados 49 mil postos de estágio, contra 75 mil no mesmo mês do ano passado. A nova lei, promulgada dez dias depois da quebra do Lehman Brothers, acentuou os efeitos da crise. Para o empresário, é muita mais simples e barato demitir estagiários (já que os custos de rescisão contratual são bem menores). Mas, acredito numa recuperação gradual; não tem como piorar", afirma.

Os estudantes cariocas Paulo Artur Varela, de 20 anos, e Daniel Czapnik, de 22 anos, sentem o efeito da redução de vagas. "Cadastrei-me no CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola), mas minha busca tem sido infrutífera", afirma Varela, que cursa o quinto período de direito na Universidade Candido Mendes (Ucam).

Já Czapnik, que está no terceiro período de economia da UCAM, procura estágio há um ano. "Tenho interesse pelo setor bancário, em especial por mercado financeiro. Distribuí meu currículo entre amigos e parentes, além de me cadastrar em sites de recrutamento, mas encontrei muita dificuldade. Não viso remuneração. Estou mesmo em busca de capacitação e mais experiência", revela.

Embora as vagas estejam mais limitadas, Maiti Junqueira, da consultoria Across, responsável pelos programas de estágio da Danone e Rede Card, acredita que os jovens não podem se abater. Para ela, o estudante deve ser pró-ativo durante a busca, mantendo-se permanentemente atualizado. "O planejamento da carreira deve começar cedo. A escolha do estágio deve estar de acordo com o plano do estudante. Se quer aprender, deve procurar programas de estágio em grandes empresas. Se a intenção for ter remuneração para contribuir no pagamento da faculdade, algo comum para muitos jovens, o ideal é procurar núcleos de estágio, como CIEE e Nube", acredita.

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