sábado, 16 de maio de 2009

Informalidade no mercado de trabalho diminui

Contratações sobem 1,4% no trimestre


da redação



O número médio de trabalhadores ocupados no primeiro trimestre de 2009 foi 1,4% maior do que em igual período em 2008. Conforme estudo divulgado ontem pelo Instituto Econômico de Pesquisa Aplicada (Ipea), com base em dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o ritmo de crescimento do emprego atingiu o menor nível desde 2004 em março. A ampliação do número de empregos formais ficou abaixo de 1%. Para o Ipea, a análise por setor de atividade aponta que a queda sofre "grande influência" da indústria de transformação, que apresenta o "pior desempenho entre todos os setores de atividade no período".

Quanto ao nível de informalidade no mercado de trabalho, o relatório informa que houve recuo de 1,3 ponto percentuail no trimestre na comparação com 2008. O resultado, ressalta o instituto ligado ao governo federal, é fruto da expansão de 3,8% dos postos formais e da contração de 1,9% do número de informais. O grau de informalidade no mercado de trabalho não apresentou sinal de piora no primeiro trimestre, contrastando com os indicadores de desemprego, que se manteve praticamente estável no primeiro trimestre, com média de 56,6% em 2009 e 56,5% em 2008.

O leve aumento da taxa de desemprego é, segundo o Ipea, "motivado pela entrada de pessoas na população economicamente ativa (PEA), na medida em que passam a procurar emprego". O estudo mostra, ainda, que a taxa de rendimento médio da população ocupada registrou elevação de 5,2% na mesma base de comparação, com uma leve tendência de declínio no primeiro trimestre deste ano.

O texto chama a atenção para a diferença do aumento dos rendimentos entre categorias. Enquanto os trabalhadores por conta própria tiveram elevação de 12,3% dos seus rendimentos em relação ao ano passado, os empregados sem carteira assinada viram aumento de apenas 1,9%. Nas regiões metropolitanas, as taxas variaram muito: Rio de Janeiro (8,1%) e Belo Horizonte (6,3%) tiveram as maiores altas, enquanto Recife registrou o pior desempenho, com redução de 1,6% nos rendimentos.

"Dificilmente outras categorias terão o mesmo volume de benefícios que as classes D e E, que contaram com o aumento do mínimo", ressaltou esta semana o presidente do Ipea, Márcio Pochmann. Desde 1º de fevereiro, o salário mínimo, reajustado em 6,4%, vale R$ 465. Esse aumento implica, segundo cálculos de especialistas, uma injeção de R$ 21 bilhões na economia. O Ministério da Previdência Social estima nessa alta um benefício para 25 milhões de trabalhadores formais e informais. Só entre aposentados e pensionistas, são 17,8 milhões de brasileiros. O reajuste pode elevar em até 0,2% o Produto Interno Bruto (PIB) do país.

O Ipea divulgou ontem estudo coordenado por Roberto Messenberg que defende a redução expressiva do superávit primário para pagamento dos juros com a dívida pública. De acordo com os técnicos, não há risco de explosão da dívida em relação ao PIB. De acordo com o trabalho, "mesmo em um cenário bastante pessimista, com baixo crescimento econômico (alta de 1,5% do PIB) e zero de investimento público, se o superávit primário for também zerado, o impacto sobre a dívida pública brasileira em relação ao PIB não será expressivo". A dívida corresponde hoje a 37,6% do PIB e mesmo que a meta do superávit primário do governo seja reduzida a zero, o máximo que essa relação crescerá será 1,7 ponto percentual ao final de 2009.



APOIO. Agronegócio e comércio devem ampliar o saldo positivo de empregos formais esperado para abril. Especialistas em mercado de trabalho ressaltam que o mês passado é tradicionalmente marcado por uma reação mais forte das contratações com carteira assinada. A razão disso está no início do ciclo de várias culturas agrícolas. Sobre o desempenho da indústria em geral, ainda pairam dúvidas já que este foi o setor mais afetado pela escassez de crédito devido à crise e ainda registrou estoques elevados no primeiro trimestre.

Nos três primeiros meses deste ano, a indústria tem registrado saldos negativos no emprego. "A retomada da safra se estende até o segundo semestre e isso se reflete positivamente na cadeia, atingindo até algumas indústrias", afirma o técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) Sérgio Mendonça. Ele destaca que o Estado de São Paulo deve registrar boa retomada dos empregos formais, em abril, em virtude do ciclo da cana-de-açúcar e da preparação das usinas de álcool e açúcar para a chegada dessas matérias-primas.

As usinas em São Paulo representam cerca de 60% da produção do País nessa área. Para ilustrar a força que tem o mês de abril na geração de ocupações formais, Mendonça lembra que, em abril de 2008, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) registrou quase 295 mil novas vagas com carteira assinada e em abril de 2007 foram 301 mil mais admissões do que demissões na economia formal.

"Abril será positivo, mas é difícil saber se por causa de uma efetiva recuperação econômica e da consciência de alguns empresários de que talvez tenham errado na dose das demissões no início do ano, ou pela mera sazonalidade", avalia Mendonça. Outro setor que desperta otimismo de ter gerado mais empregos em abril é o comércio varejista e atacadista. Tradicionalmente, nesta época do ano os empresários do comércio ampliam as contratações de novos trabalhadores superando as demissões.

Fonte: Jornal do Commercio - Economia - 14.05.09 - p. A-3

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