sexta-feira, 24 de abril de 2009

Terceirização de executivos?

Valor Econômico - EU & Carreira - 24, 25 e 26.04.09 - D8

Recursos humanos: Michael Page lança nova divisão de negócios no país para poder terceirizar serviços no alto escalão.

Trabalho temporário dirigido a executivos
Por Rafael Sigollo, de São Paulo
24/04/2009



Davilym Dourado / Valor

Paulo Pontes, presidente da Michael Page, diz que prática é comum na Europa
Tradicionalmente restrito a cargos operacionais, pelo menos no Brasil, o trabalho temporário começa a entrar com mais força no alto escalão das companhias. Para aproveitar o crescimento dessa demanda por parte das organizações, o grupo Michael Page, especializado em recrutamento executivo de média e alta gerência, inaugura a Interim.

"A terceirização de executivos é prática comum no exterior, principalmente na Holanda, Inglaterra e Alemanha. Ela já representa 20% do faturamento global da Michael Page. Nossa intenção é atingir esse mesmo patamar também por aqui com essa nova divisão de negócios", afirma Paulo Pontes, presidente da empresa no Brasil.

De acordo com ele, as companhias inicialmente buscavam executivos temporários para atuar em projetos específicos. Agora, com a crise econômica internacional, esse perfil tem mudado, pois muitas multinacionais estão operando com limitações severas de pessoal. "A matriz impede que as filiais façam contratações independentemente de sua situação local. A terceirização é uma saída para que essas empresas possam reforçar seus quadros e segurar um talento na equipe até terem uma melhor definição das coisas", explica.

Como o executivo terceirizado tem sua carteira assinada pela própria Michael Page, que fica responsável por toda a burocracia e os encargos trabalhistas, a empresa precisou de uma autorização especial do Ministério do Trabalho para colocar a Interim em funcionamento. "O gestor consegue o talento de que precisa e tem a flexibilidade de desligá-lo, mantê-lo terceirizado ou efetivá-lo, de acordo com o momento e a necessidade dos negócios", diz Pontes.

O presidente da Michael Page afirma que a Interim já tem 25 executivos trabalhando como temporários no Brasil em companhias de diversos segmentos, onde atuam nas áreas de engenharia, varejo, finanças, recursos humanos e tecnologia da informação. Pontes admite, no entanto, que esse tipo de serviço ainda é visto com uma certa desconfiança, principalmente pelos candidatos. "É uma questão cultural, em parte devido à instabilidade econômica que vivemos por muitos anos. Porém, o vínculo com a empresa hoje não tem mais tanto peso e é possível se planejar melhor", afirma.

Na opinião de Pontes, é essencial que o executivo temporário tenha em mente que estar nessa condição não significa um retrocesso em sua carreira. "A experiência pode ser enriquecedora. O profissional se mantém ativo e atualizado no mercado, expande seu networking e pode conhecer novas áreas e mercados." De acordo com a Michael Page, os contratos temporários duram em média dois anos e cerca de 40% dos temporários da empresa são efetivados pelos clientes.

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