sábado, 14 de fevereiro de 2009

GM dispensará 10 mil trabalhadores no mundo

GM cortará 10 mil empregados e reduzirá salários em 10%
Gazeta Mercantil/The New York Times (11.02.09)
A General Motors, que precisa apresentar um plano satisfatório de reestruturação para o governo na próxima semana, a fim de manter bilhões de dólares em empréstimos , anunciou ontem que irá demitir 10 mil empregados assalariados em todo o mundo este ano, e reduzir os salários dos que permanecerem em até 10%. Na semana anterior a GM ampliou suas ofertas de indenizações e aposentadoria antecipada para sua força de trabalho horista; há três meses, demitiu 5,1 mil funcionários assalariados, também por meio de opções de indenização. Demissões não programadasEntretanto, dessa vez os cortes estão sendo efetuados por demissões sem programas voluntários porque os termos de empréstimos do governo impedem a GM de usar o dinheiro de seu fundo de pensão para pagar os pacotes de indenizações, como fazia anteriormente. "Poderá haver alguma oportunidade para que as pessoas saiam de modo voluntário, mas essencialmente serão demissões não voluntárias", informou o porta-voz da GM, Tom Wilkinson. A montadora, cujas vendas recuaram 11% em todo o mundo em 2008, disse que planejava demitir 3,4 mil funcionários assalariados do total de 29,5 mil nos Estados Unidos, a maioria deles até 1° de maio. Os trabalhadores que perderem seus empregos receberão indenização sem justa causa, pagamentos de benefícios, e ajuda para encontrar novos empregos. A maioria receberá menos dinheiro do que se tivesse deixado a empresa durante as indenizações do ano passado. Já que a GM utiliza recursos dos contribuintes para evitar um pedido de concordata, deverá efetuar pagamentos para os demitidos mais condizentes com o que é usual em companhias de outros setores. A começar em 1° de maio, a maioria dos empregados assalariados nos EUA receberão o que a GM caracterizou como redução temporária de pagamento. As reduções oscilam de 10% para executivos a 3% e 7% para outros empregados. GM pretende revisar os cortes salariais no final do ano. Redução em outros paísesA montadora também informou que poderá reduzir o pagamento para os trabalhadores em outros países. O principal executivo, Rick Wagoner, já concordou em trabalhar por US$ 1 ao ano, até que a empresa possa saldar seus empréstimos com o governo. GM tomou emprestados US$ 9,4 bilhões até o momento e está programada para receber uma terceira parcela de US$ 4 bilhões na próxima semana. As mais recentes demissões correspondem a 14% dos 73 mil trabalhadores assalariados que a montadora emprega em todo o mundo. Novos cortesComo parte de sua reestruturação a GM disse que precisa demitir cerca de 31,5 mil empregados horistas e assalariados. Sua concorrente, Chrysler, que tomou emprestados US$ 4 bilhões do governo, também demite milhares de empregados. Cada uma das três grandes montadoras de Detroit, incluindo a Ford Motor, que não recebeu ajuda federal, demitiu milhares de funcionários desde o ano de 2006. No Brasil, 802 já saíram e 1,6 mil correm riscoNo Brasil, pelo menos 1,6 mil trabalhadores contratados pela General Motors para o terceiro turno da fábrica de São Caetano do Sul (ABC) correm risco de ser dispensados. O presidente da GM no Brasil, Jaime Ardila, afirmou semana passada que estuda o caso, mas que, diante da falta de mercado, é difícil sustentar empregos temporários. "A vontade da empresa é demitir, mas enquanto houver uma possibilidade nós vamos lutar para que nenhum trabalhador seja mandado embora", afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano do Sul, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão. Para o sindicalista, já surgiu "uma luz no final do túnel" com a melhora das vendas em janeiro. "Vamos usar todo o nosso poder de persuasão para convencer a General Motors a não demitir os trabalhadores", afirmou Cidão. Com a queda dos mercados, o processo de demissões no Brasil foi iniciado há quase um mês, na unidade de São José dos Campos. No final de janeiro, a montadora dispensou 802 empregados e abriu uma nova crise com o sindicato dos metalúrgicos local. Nesta semana o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) julgará se a GM será penalizada a indenizar os empregados demitidos e até mesmo os contratados por período determinado e que tiveram seus contratos finalizados antes do prazo. A direção do sindicato tem promovido uma série de manifestações públicas a favor da manutenção dos empregos na montadora, que anunciou na semana passada sua 11ª férias coletivas desde o final de setembro de 2008, quando os sintomas da crise passaram a ser sentidos no mercado nacional. A direção da entidade informou que reunirá trabalhadores de diferentes regiões paulistas para promover um "Ato em Defesa do Emprego e de Direitos", na próxima quinta-feira. O protesto acontecerá às 14h, na avenida Paulista, em frente à sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). A entidade patronal é tida pelos sindicalistas como a principal articuladora das propostas de redução de salários e de direitos trabalhistas. O ato reunirá representantes dos sindicatos dos metalúrgicos de São José dos Campos, Campinas, Limeira e Baixada Santista e integrantes da Intersindical. Em conversa recente com jornalistas, Ardila afirmou reconhecer o talento dos trabalhadores contratos temporariamente para atender ao aquecimento de vendas, mas que a empresa não teria como arcar com uma mão-de-obra excedente no momento em que o mercado cai. "Faço isto com dor no coração, porque sei o quanto são dedicados e querem ficar com o emprego", afirmou. "(Os temporários) são mais dedicados que os efetivados, mas temos que pensar na sobrevivência da empresa". (Gazeta Mercantil/The New York Times/Wagner Oliveira e Júlio Ottoboni)

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