terça-feira, 28 de junho de 2011

Liderança

Jornal do Commercio - JC & Gerência - 28.06.2011 - B-14

O que é preciso para ser um líder?
Por Cristiano Amorim*

Liderança é um tema que desperta bastante interesse, não só pela importância, mas por ser sempre atual. Muita coisa já foi escrita sobre liderança e o que me intriga são livros ou matérias de revistas que apresentam algo do tipo “O perfil do líder do futuro” ou algo como “Os dez mandamentos da liderança eficaz”. Afinal, existe um perfil ideal de liderança? O que torna alguém esse líder? Existe alguma “receita” para o sucesso nesse sentido?

Respondendo à primeira pergunta, podemos considerar de forma pragmática que, para o mundo dos negócios, existe sim um perfil ideal, ao avaliarmos o que se espera de um líder. É aquele que consegue por meio das pessoas fazer com que uma organização gere resultados extraordinários nos negócios, conquistando mercado, encantando clientes, satisfazendo seus funcionários e enchendo os bolsos dos acionistas. Para realizar tal feito, é preciso uma combinação entre conhecer o negócio em que se atua e comportamentos sociais desenvolvidos, pois um líder deve ser capaz de fazer seguidores e saber para qual direção deve conduzi-los.

É inegável que uma formação de respeito e principalmente boas experiências são fundamentais para que alguém desenvolva suas competências de negócio. No entanto, o sucesso de um profissional depende mais de aspectos comportamentais e inteligência emocional, o que fica evidente ao olharmos o histórico de grandes líderes. Aí é que as coisas se complicam, pois quem possui qualidades desejáveis como ter ótima capacidade de análise e ser dotado de um raciocínio lógico e impessoal, raramente consegue ser tão hábil ao avaliar o impacto humano de suas ações ou tomar decisões baseadas apenas em intuição.

Ao tratarmos de comportamento, estamos nos referindo a tendências, que muitas vezes se apresentam como pontos opostos em uma dicotomia. Por exemplo: ou apresentamos tendência para ser racionais ou empáticos. E é este o ponto. É praticamente impossível encontrarmos uma pessoa que consiga reunir de modo excelente visão de negócio e habilidades comportamentais geralmente atribuídas e esperadas de um líder. É possível que se reúna um bom repertório de qualidades, mas ninguém é perfeito.

A cada dia sou levado a crer que qualquer um que esteja disposto a lutar por uma boa causa e que consiga adeptos pode ser considerado um ótimo candidato a líder.

O ser humano tem em sua natureza a necessidade de fazer o bem. É comprovado cientificamente que somos movidos à emoção e sentimos prazer quando fazemos o bem ou ajudamos o próximo. Basta observar os movimentos sociais diante de tragédias como recentemente o Tsunami devastador que atingiu o nordeste do Japão. E também é comprovado que temos uma necessidade de empatia e identificação com outras pessoas. Assim, acredito que a maior qualidade de um líder é ser humano, no que me refiro a ser capaz de errar – é bem verdade que é prudente não errar tanto – e agir como alguém que sabe que é falível, mas que tem coragem para se levantar e seguir em frente, mostrando capacidade de superação.

Essa motivação para seguir lutando e superando adversidades, só é possível para quem se conhece bem a ponto de saber sonhar acordado, porque o sonho, neste contexto, talvez seja uma simples metáfora que nossa mente utiliza para materializar nossos mais profundos sentimentos de realização.

Portanto, se pudesse dar um único conselho a quem anseia ser um líder eu diria para buscar sempre o autoconhecimento, pois só assim será capaz de entender o mundo e escolher qual papel gostaria de exercer nele. Como diria Carlos Drummond de Andrade: “O importante não é estar aqui ou ali, mas ser. E ser é uma ciência delicada, feita de pequenas-grandes observações do cotidiano, dentro e fora da gente. Se não executarmos essas observações, não chegamos a ser: apenas estamos, e desaparecemos.

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