quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Previsão de aumento do desemprego nos países ricos

Valor Econômico - Especial - 27.01.2010 - A12

Desemprego deve piorar nos países ricos, diz OIT


Assis Moreira, de Genebra
27/01/2010

Pelo menos 27 milhões de pessoas perderam seus empregos em 2009, no rastro de uma dramática crise econômica e financeira global, o que elevou o total de desempregados ao nível recorde de 212 milhões globalmente.

A estimativa foi divulgada ontem pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), seguida de um alerta de que o número de desempregados no mundo este ano continuará alto, com 3 milhões a mais de pessoas perdendo o trabalho nos países ricos. Mas o índice tende a se estabilizar em outras regiões e baixar na América Latina.





"A crise do mercado de trabalho continua forte, apesar das projeções econômicas terem melhorado", disse o economista Theo Sparreboom, que trabalhou no relatório da OIT. "A mensagem é que é muito importante os governos continuarem com as políticas para ajudar o mundo do trabalho, que é cedo demais para retirar as medidas de estímulo".

Em vários países, os efeitos positivos dos programas de estímulo contrabalançaram os efeitos depressivos "do ainda amplo problema de débitos pobres do sistema financeiro, da fraca demanda de consumo e dos baixos níveis de investimentos", diz a entidade.

Para 2010, o alerta é que, mesmo se o crescimento da economia global chegar aos 3,9% previstos pelo FMI (leia texto acima), isso não resultará necessariamente em menor desemprego. Devido ao excesso de capacidade que foi criado com a crise, muitas empresas primeiro aumentam o número de horas trabalhadas por seus atuais empregados, diminuem o trabalho parcial e só depois passam a contratar mais funcionários.

Segundo a OIT, levando em conta o impacto da crise econômica no mercado de trabalho e a regressão de progressos obtidos quanto a trabalho decente em vários países, a recuperação do emprego tende a ser lenta e continuará problemática nos próximos anos.

Muita gente perdeu o emprego e muitos que conseguiram salvar seus postos de trabalho viram as condições piorarem. A deterioração foi generalizada e a preocupação é evidente com a alta da desigualdade. A cada ano, 45 milhões de jovens entram no mercado de trabalho.

Globalmente, o número de desempregados aumentou em 34 milhões desde 2007. Similar à situação das mulheres, os jovens continuam em posição de desvantagem, com a taxa de desemprego entre eles sendo 2,8 vezes maior do que entre os adultos.

Na América Latina, 4 milhões de pessoas perderam o emprego desde 2007, totalizando 22,4 milhões de pessoas desempregadas. A taxa de desempregados ficou em 8,2%, maior do que a média mundial de 6,5%. Aumentou o número de empregos vulneráveis, sem proteção social e mal pagos, quebrando uma tendência de melhora na região.

Mas a OIT destaca uma recuperação regional, principalmente no Brasil, que criou 1,2 milhão de postos liquidamente, devendo fazer a taxa regional baixar este ano. "Reforço em programas já existentes e outras reações do governo à crise ajudaram o Brasil a sair mais rápido da crise também do desemprego", diz Sparreboom.

Além dos países ricos, o desemprego deu um salto maior na Europa do Leste e na África do Norte. Na Ásia, houve crescimento econômico, mas aumentou o "emprego vulnerável", sem proteção e sem qualquer segurança, como na China, a fábrica do mundo.

Pelas estimativas atuais, a parte de empregados mais pobres era de 21,1%, representando 633 milhões de trabalhadores vivendo com suas famílias com menos de US$ 1,25 por dia. Quanto ao emprego vulnerável, de pouca qualidade, a projeção é de que pode aumentar para mais de 40 milhões de trabalhadores em 2010, depois de ter crescido mais de 100 milhões entre 2008 e 2009.

A produtividade por trabalhador também caiu em 2009, com exceção do Sudeste da Ásia e do Norte da África. A queda foi limitada na América Latina e Caribe, com - 9 pontos. Globalmente, a OIT espera recuperação global este ano.

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