segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Reajustes salariais

Valor Econômico - Brasil - 20.09.2010 - A2

Metalúrgicos conseguem 10,8% e abono de R$ 2,2 mil
Marli Olmos De São Paulo
20/09/2010
Em um mercado de alta demanda de veículos, nunca foi tão fácil para os metalúrgicos negociar com a indústria automobilística. Em assembleias, no ABC e Taubaté, no fim de semana, a categoria não aceitou sequer parcelar o abono em dois meses e muito menos deixar para receber uma parte do reajuste daqui a um ano, como queriam as empresas. Valmir Marques, presidente da federação que representa a base da CUT nas duas regiões, disse ter conseguido negociar com as empresas já no fim de semana e deu o acordo como fechado: 10,8% de reajuste retroativo a 1º de setembro e abono de R$ 2,2 mil em 20 de outubro. As empresas não se pronunciaram.
Marques lembrou que a negociação ocorreu num momento em que as montadoras operam com muitas horas extras. De janeiro a agosto, a venda de veículos no Brasil cresceu 10,1% na comparação com igual período de 2009. O número mensal de licenciamentos passou das 300 mil unidades nos dois últimos meses, o maior volume desde março, quando o consumidor antecipou a troca do automóvel para aproveitar o último mês de IPI reduzido.
Até as negociações de sexta-feira, as montadoras que atuam no ABC e Taubaté (Volkswagen, Ford, Scania, Mercedes-Benz e Toyota) haviam chegado ao reajuste de 10,8%. Mas, ao alegar dificuldades no fluxo de caixa, segundo Marques, queriam que uma parte desse percentual - 1,66% - ficasse para novembro de 2011. Pelo mesmo motivo, pretendiam dividir o abono em duas parcelas consecutivas (outubro e novembro).
A base do ABC (onde se concentra a indústria) foi a primeira a rejeitar, em assembleia no sábado, em São Bernardo, cidade em que está a maior fábrica da Volks. Ontem, a rejeição veio dos trabalhadores de Taubaté, onde a Volks tem uma fábrica que concentra a produção do Gol, o carro mais vendido no país.
Mesmo com os acordos fechados no ABC e Taubaté, a Volkswagen terá ainda de enfrentar resistência em São José dos Pinhais (PR), onde os empregados decidiram deflagrar a chamada "greve pipoca" (que pode paralisar um ou mais turnos) a partir de hoje. Eles pedem um acordo igual ao já firmado com a Renault: 10,08% de aumento salarial e R$ 4,2 mil de abono.
O impasse também continua na fábrica da Toyota em Indaiatuba (SP), onde a proposta de reajuste de 10,5% foi rejeitada.

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