Valor Econômico - Brasil - 21/06/2017 - A6
Reajustes salariais voltam a ficar acima da inflação
Por Camilla Veras Mota
Os reajustes salariais voltaram em maio a ter ganho real pelo quarto mês consecutivo. O aumento, que na mediana das
negociações e acordos coletivos acompanhados pelo boletim Salariômetro atingiu 1%, quando descontado o Índice
Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em 12 meses até abril, foi disseminado. O percentual de correções abaixo da
inflação foi de apenas 4,1%, entre os menores da série, que começa em 2007, e bastante inferior à média dos últimos 12
meses, 29,9%.
Em termos nominais, as remunerações cresceram 5% em maio, mesma variação de abril. Foi o ritmo mais forte de
desaceleração da inflação entre um mês e outro, de 4,6% para 4%, no acumulado em 12 meses, que garantiu o melhor
desempenho. Em março e abril, a alta real foi de 0,7% e 0,4%, nessa ordem, de acordo com o levantamento feito pela
Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).
O processo de desinflação continuará jogando a favor dos salários pelo menos até o fim deste ano, aponta o boletim,
especialmente até agosto, quando o INPC acumulado em 12 meses deve atingir o menor valor do atual ciclo, 2,69%,
conforme estimativas do Banco Central.
Essa recuperação de poder de compra, pondera Helio Zylberstajn, coordenador do Salariômetro, deve se refletir melhor no
volume de recursos disponível para o consumo nos próximos meses. Até março, a folha salarial estimada pela equipe para
o setor formal do país chegou a R$ 101,7 bilhões, em termos dessazonalizados, volume 2,2% menor do que o registrado em
fevereiro e 0,9% inferior ao do mesmo mês de 2016.
Calculada com base nos depósitos do FGTS feitos à Caixa pelas empresas, a folha de salários vem encolhendo de forma
praticamente constante desde o início de 2015. "Mas os dados da Pnad Contínua, que contabilizam também o setor
informal, já mostram uma inflexão", argumenta.
Entre as categorias, os maiores ganhos reais, de acordo com a mediana acumulada em 12 meses, foram dos funcionários
de condomínios e edifícios, 1,4%, seguidos por bancos e serviços financeiros (0,4%), limpeza urbana (0,4%) e
estacionamento e garagens (0,4%). As maiores perdas, no mesmo confronto, são dos trabalhadores de extração e refino de
petróleo (4,6%), de empresas jornalísticas (1,1%) e do comércio de derivados de petróleo (1%).
Regionalmente, cinco Estados apuraram ganho no acumulado em 12 meses, sendo o maior deles em Tocantins, 0,42%. As
maiores perdas foram registradas no Acre (3,7%) e no Amazonas (0,6%).
A mediana dos pisos salariais negociados em abril foi de R$ 1.127, valor ligeiramente superior ao do salário mínimo
vigente, R$ 937. No mesmo mês de 2016, o piso estava em R$ 1.129, para um mínimo de R$ 880.
O boletim ressalta que os acordos de redução de jornada e salário, cujo movimento acompanha por meio do Sistema
Mediador, do Ministério do Trabalho, têm sido cada vez menos usados. Em maio, foram assinados oito três deles
através do Programa Seguro Emprego (PSE), que conta com apoio financeiro do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT),
e dois fora dele.
Em maio do ano passado, foram contabilizados 30 acordos. No acumulado do ano, o saldo é de 34 acordos, contra 151
entre janeiro e maio de 2016
segunda-feira, 3 de julho de 2017
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