sexta-feira, 11 de abril de 2014

Salário mínimo nos países ricos

Valor Econômico - Internacional - 03.04.2013 - A13 Nações ricas debatem a adoção de salário mínimo. Por Assis Moreira | De Genebra. A instauração de salário mínimo está voltando à moda em países desenvolvidos, para combater a crescente desigualdade de renda e também impulsionar o consumo. O governo da Alemanha, maior economia da Europa, aprovou ontem projeto para a criação do mínimo, pelo qual a hora de trabalho passa a ser de pelo menos € 8,50, comparada a quase € 10 na França e no Reino Unido. A Suíça, um dos países mais ricos do mundo, vai colocar em votação em maio uma iniciativa popular propondo que a hora de trabalho seja fixada em pelo menos 22 francos suíços. Isso resulta num salário mensal de 4 mil francos (US$ 4.526,00) - o que significaria o maior salário mínimo do mundo. Mesmo nos Estados Unidos, marcado pela flexibilidade no mercado de trabalho, alguns Estados e cidades como Nova York planejam introduzir um piso, e com isso aumentar a hora de trabalho para cerca de US$ 10, comparada a cerca de US$ 7 atualmente, na média. O objetivo comum é combater a desigualdade crescente de salários e a multiplicação dos chamados "working poor", ou seja, pessoas que têm rendimentos abaixo do nível da pobreza mesmo trabalhando em tempo integral. Isso ocorre com mais frequência nos países anglo-saxões. Empresários reagem, estimando que o salário mínimo obrigatório deverá se traduzir por menos postos de trabalho e, indiretamente, mais desemprego. Na Alemanha, 10% das empresas ameaçam demitir. Mas para o Partido Socialista alemão, que fez da introdução do piso salarial o tema central de sua campanha eleitoral, o instrumento vai favorecer a demanda e diminuir a ajuda pública. Atualmente, 1,3 milhão de assalariados recebem ajuda do Estado porque não ganham o suficiente para viver corretamente. Isso custa € 11 bilhões por ano aos cofres públicos. Com o salário mínimo, a ideia é que parte dos assalariados não precise mais recorrer a complemento de renda. Ao contrário do que as empresas desejavam, nenhum setor profissional será excluído e terá que respeitar o mínimo. Ficam de fora apenas duas categorias: os jovens com menos de 18 anos que não terminaram sua formação e, durante seis meses, desempregados de longa duração que conseguirem um posto de trabalho. Na Suíça, o referendo será no dia 18 de maio e pesquisas mostram que a iniciativa poderá passar com 52% de "sim". O setor privado avisa que, se isso ocorrer, trabalhos hoje ainda efetuados por pessoas poderão ser deslocados para o estrangeiro ou realizados por máquinas, se a iniciativa popular for aprovada. Os empresários alegam que a adoção pode também forçá-los a aumentar os preços e afetar sua competitividade. Os agricultores suíços, que pagam menos a seus trabalhadores, normalmente estrangeiros, também são contra o salário mínimo. Na Europa, o valor do salário mínimo nos países onde é estabelecido na lei varia bastante. Na Romênia, pode representar apenas 25% do pagamento médio no país. Na Irlanda, chega a ser a metade, conforme sindicatos. Formalmente, segundo a Comissão Europeia, o salário mínimo no bloco varia de € 159 na Bulgária a € 1.874 em Luxemburgo. Quando ajustado o diferencial de preços (em alguns países com salário pequeno, os preços também são baixos), a disparidade é reduzida de 1 para 12 a 1 para 5 em termos de poder de compra. Em 2012, o nível do salário mínimo na Europa variava de 30% a 50% dos ganhos brutos na indústria da construção e serviços.

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