segunda-feira, 18 de abril de 2016

TST regulamenta a mediação, que permite tentativa de acordo antes de ajuizamento de dissídios coletivos

Fonte: Notícias do TST
 
(Sex, 15 Abr 2016 13:04:00)
 
O Tribunal Superior do Trabalho instituiu, por meio do Ato 168/TST.GP, o procedimento de mediação e conciliação pré-processual em dissídio coletivo.  A iniciativa, proposta pelo vice-presidente do TST, ministro Emmanoel Pereira, tem como inspiração a experiência bem sucedida do presidente da Corte, ministro Ives Gandra Martins Filho, na solução e prevenção de conflitos quando ocupou a vice-presidência do TST no biênio 2014/2016.
 
A audiência de mediação pode ser requerida por qualquer uma das partes interessadas e será realizada na sede do TST, e será conduzida pelo vice-presidente do TST. Podem ser submetidas à mediação as demandas judiciais passíveis de dissídios coletivos de natureza econômica, jurídica ou de greve.
 
A regulamentação tem como base o artigo 764 da CLT, que estabelece a valorização da conciliação como forma de solução de conflitos, e a Resolução 125 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que dispõe sobre a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário.
 
(Augusto Fontenele/CF) 

Agenda de transição da CNI


Valor Econômico - Política - 14/04/2016 ­- A11
CNI pede mudança de governo em carta a deputados 

Por Daniel Rittner e Raymundo Costa 

A três dias da votação do pedido de abertura de impeachment da presidente Dilma Rousseff, um de seus principais interlocutores na iniciativa privada desde o início do primeiro mandato jogou a toalha. "Ela perdeu a credibilidade, a capacidade de fazer política, perdeu as condições de governar", afirmou ao Valor o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade. É preciso deixar claro que não se trata de ressentimento ou falta de diálogo. "Ela tem uma relação muito boa comigo e eu não posso reclamar de nada, mas isso infelizmente não é suficiente para mudar o país." No comando da poderosa entidade patronal, que até agora vinha mantendo uma atitude de cautela sobre o afastamento da presidente em função da ausência de consenso entre as federações estaduais, Andrade foi incisivo. Ontem o empresário mineiro despachou uma carta para cada um dos 513 deputados que votam o impeachment no domingo. Sem fazer uma recomendação específica de voto, ele critica severamente o governo e termina a missiva com uma mensagem enfática: "É hora de mudar". O presidente da CNI avalia que a posse do vice Michel Temer "dá uma esperança" de retomada do crescimento, mas adverte que o choque de confiança tem "vida curta". Por isso, está convencido sobre a necessidade de o novo governo propor uma agenda imediata de reformas. A prioridade máxima deve ser dada à reforma da Previdência Social. "Se quem assumir o governo não tomar medidas difíceis, impopulares, estará numa situação igual à de hoje em menos de seis meses", observou Andrade, em um almoço na sede da confederação. Ele acha imprescindível estabelecer idade mínima para as aposentadorias. "A média no Brasil é de 54 anos. Em um Estado como Minas Gerais, os policiais militares se aposentam com 48, 49 anos. A corporação tem mais inativos do que ativos", constata. E Dilma, se sobreviver, será que ela não teria mesmo condições de refundar o governo e aprovar uma reforma? Andrade responde com outra pergunta: "Como ela vai governar com 200 votos a favor e mais de 300 contra?". Entre um gole e outro de vinho tinto das Serras Gaúchas, Andrade lembra quando a presidente parecia ter comprado definitivamente a ideia de mudar as regras previdenciárias. Mas aí, completa o empresário, ela nomeou o petista Miguel Rossetto para capitanear as discussões no Fórum da Previdência. "É o mesmo que dizer que não quer fazer reforma nenhuma. O próprio PT é contra." Até mesmo a composição do ministério do segundo mandato dilmista é lembrado. "Se você tem pessoas medíocres, o governo será medíocre", lamenta o industrial. "A gente sequer lembra o nome de uns 30 ministros." Enquanto o almoço era servido, líderes partidários na Câmara começavam a receber uma carta assinada por Andrade, que foi objeto de comentários no plenário mais tarde. A correspondência chegaria a todos os deputados. Ela aponta uma "sucessão de erros" na política econômica para explicar a queda de 8,3% na produção da indústria em 2015, inflação acumulada em 12 meses perto de dois dígitos e taxa de desemprego que encosta em 10%. "O governo não demonstra capacidade para melhorar o ambiente de negócios, elaborar uma política econômica apropriada e propor ações para fazer o Brasil retomar a trajetória do crescimento e do progresso", escreve Andrade, com um elogio pontual e isolado às iniciativas tomadas pelo Ministério do Desenvolvimento, comandado por Armando Monteiro, seu antecessor na CNI. Prossegue o texto: "Em sentido oposto, parcelas do governo acenam com uma nova guinada na economia, justamente na direção da política que nos legou o descalabro das contas públicas e criou o cenário catastrófico em que hoje nos encontramos". Das janelas do edifício, avistam­se os ônibus estacionados ao lado do Teatro Nacional de Brasília, onde acampam militantes sem­terra que devem engrossar as manifestações pró­Dilma no domingo. "Ao mesmo tempo, o governo tem sido complacente com grupos sociais que pregam a radicalização e o confronto como forma de impor suas ideias", diz a carta. "Essa atitude pode levar ao acirramento ainda maior das tensões, insuflando a violência, com sérias consequências." De volta à entrevista, Andrade ressalta a necessidade de manter o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida. Faz, porém, algumas observações sobre a urgência em equilibrar as contas públicas e não evita um assunto controverso. "Os programas sociais têm que ser enquadrados dentro da nova realidade fiscal", afirma Andrade. Cita o Ciência Sem Fronteiras como exemplo: "Tínhamos condições de manter 100 mil pessoas lá fora?", questiona. Para o dirigente, um eventual governo Temer terá que lidar ainda com mudanças nas regras trabalhistas. Há três pontos mais urgentes nessa área. Um é fazer avançar o projeto ­ parado no Senado ­ que regulamenta a terceirização. Outro envolve privilegiar o negociado sobre o legislado nos acordos e convenções coletivas. Por fim, ele defende uma solução para os conflitos em torno da NR­12, uma norma regulamentadora do Ministério do Trabalho que define especificações sobre máquinas e equipamentos usados nas empresas. Cumprir tudo encarece demais a produção, sem proteger a saúde e a integridade física dos empregados, com tecnicalidades mais rígidas do que na Europa, alega a CNI. Andrade vê necessidade ainda de uma discussão sobre o financiamento eleitoral. "O Congresso terá que mexer. Hoje você conversa com as empresas e não existe ninguém disposto a colaborar com campanhas políticas", comenta o dirigente, atribuindo isso à descrença no sistema.

14/04/2016 ­ 05:00 Indústria propõe agenda para 'day after' 

Por Daniel Rittner e Raymundo Costa 

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) prepara uma "agenda de transição" que será encaminhada ao governo ­ seja ele qual for ­ tão logo esteja encerrada a votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O roteiro "Para o Brasil sair da crise", com 38 propostas de medidas para o período 2016­2018, já foi enviado pela CNI às federações estaduais e deverá ter sua versão final ratificada nos próximos dias. É uma agenda montada para o "day after" da votação, mas pensada como viável apenas em um eventual governo do vice-presidente Michel Temer. O Valor teve acesso à minuta do trabalho, que tem 50 páginas e está dividido em oito eixos: eficiência do Estado, tributação, relações do trabalho, segurança jurídica e regulação, infraestrutura, política industrial e comércio exterior, financiamento, inovação. A reforma da Previdência Social encabeça a lista de medidas propostas. Para a CNI, ela deve estar baseada em algumas premissas: idade mínima, equiparação ou redução das diferenças no tempo de contribuição entre homens e mulheres, alteração na regra de reajuste do salário mínimo para aposentados e pensionistas, regras para professores idênticas às dos demais trabalhadores. Logo em seguida, no roteiro em elaboração pela indústria, pede­se a implementação de mecanismos de controle do gasto público. Um limite decrescente para a relação entre despesas correntes como proporção do PIB, a redução progressiva dos gastos com pessoal e uma maior desvinculação orçamentária estão entre as ações sugeridas. Na área de infraestrutura, propõe a privatização das Companhias Docas ­ hoje encarregadas de administrar os maiores portos organizados do país. Outra sugestão é eliminar a obrigatoriedade de participação mínima de 30% da Petrobras em todos os consórcios responsáveis por explorar o pré­-sal. A expectativa é que isso poderia acelerar a produção no país. Também sugere-­se aumentar a geração térmica na matriz energética de forma a diminuir a dependência do regime de chuvas com as hidrelétricas. A CNI elenca ainda, entre suas prioridades, a aprovação de uma lei geral das agências reguladoras. O objetivo é garantir independência administrativa dessas autarquias e melhoria nos processos de audiências públicas. Na avaliação da indústria, outra iniciativa importante é simplificar o processo de licenciamento ambiental, enquadrando os projetos de infraestrutura com base no porte, potencial poluidor e natureza de cada um. Essa divisão deveria determinar procedimentos específicos para o licenciamento de cada atividade, incluindo o tipo de estudo ambiental e prazos diferenciados. Os projetos ficariam sujeitos ao procedimento ordinário, simplificado ou simplesmente teriam dispensa do licenciamento. Ainda dependendo de um último aval das federações estaduais, que têm participado de sua elaboração e ainda podem alterá-­lo, o roteiro da CNI frisa a necessidade de "evitar atalhos" na tentativa de retomar o crescimento da economia. De acordo com a agenda, é preciso atuar sobre a melhoria do ambiente microeconômico e da competitividade, além de recuperar o equilíbrio fiscal de longo prazo. Parte­-se da avaliação de que o documento deve ser apresentado ao governo mesmo em caso de vitória de Dilma na votação de domingo porque, em última instância, ele certamente precisaria reinventar-­se.